Vitamina D durante a Gestação: Quais os benefícios?
Evidências disponíveis têm sugerido que a suplementação de vitamina D durante a gravidez poderia evitar complicações nesse período, bem como ser um agente possível de melhorar a saúde das mães e dos bebês [1]. Estudos epidemiológicos têm observado que existe uma alta prevalência de níveis insuficientes ou deficientes de vitamina D em gestantes e lactantes. [3]
Recomendações das Diretrizes
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), “há quase consenso em suplementar esse nutriente rotineiramente na 12ª semana de gestação em diante. Doses diárias variáveis de 400-2.000 UI podem ser recomendadas a todas as grávidas, sem necessidade de dosar os níveis séricos de 25-OHD.”
Não obstante, a FEBRASGO afirma que “Em gestantes sintomáticas e em pacientes com deficiência grave documentada podem ser utilizadas doses mais elevadas, como 4.000 UI diárias, que já se mostraram seguras e eficazes”. Sendo que doses diárias de vitamina D são preferíveis do que doses semanais ou concentradas durante a gestação, isso porque a produção placentária de calcitriol é substrato-dependente. [3]
Nesse contexto, a importância desse nutriente foi ressaltada pela SBEM em que “em um ensaio clínico randomizado e controlado, a correção dos baixos níveis de vitamina D para concentrações médias de aproximadamente 30 ng/mL reduziu significativamente o risco de pré-eclâmpsia e retardo de crescimento intra-uterino” [4], e, além disso, como “o risco de prematuridade mostrou ser 3,8 vezes maior em mulheres grávidas com níveis séricos de 25 (OH) D abaixo de 20 ng/mL em comparação com aquelas com níveis acima de 40 ng/mL” [5].
Em uma revisão publicada na Cochrane em 2019, os pesquisadores incluíram 22 ensaios clínicos randomizados com 3725 gestantes para avaliar se a suplementação com vitamina D melhoraria os desfechos neonatais. Em conclusão, obtiveram que o a vitamina D isolada durante a gestação possivelmente é capaz de reduzir o risco de pré‐eclâmpsia, diabetes gestacional, baixo peso ao nascer e o risco de hemorragia pós‐parto grave [1].
Considerações Finais
As doses entre 400-2000UI/d podem ser recomendadas para todas as gestantes e lactantes, já em casos de deficiência grave doses de até 4000UI/d são consideradas seguras. Ressalta-se que “essa suplementação visa aumentar a 25-hidroxivitamina D (25-OHD) do soro e, possivelmente, reduzir o risco de pré-eclâmpsia, baixo peso ao nascer, parto prematuro, além de provocar aumento do comprimento e da circunferência da cabeça do recém-nascido.” [3]. Por fim, mais comprovações para o uso terapêutico da Vitamina D na gravidez são requisitados [3].
Referências:
[1] Palacios C, Kostiuk LK, Peña‐Rosas JP. Vitamin D supplementation for women during pregnancy. Cochrane Database of Systematic Reviews 2019, Issue 7. Art. No.: CD008873. DOI: 10.1002/14651858.CD008873.pub4. Accessed 02 January 2021.
[2] Maeda SS, Borba VZC, Camargo MBR, Silva DMW, Borges JLC, Bandeira F, Lazaretti-Castro M. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014; 58(5):411-33.
[3] Mariani Neto C. Papel da vitamina D na gestação. In: A importância da vitamina D na saúde da mulher. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; 2017. Cap. 4, p.28-37. (Série Orientações e Recomendações FEBRASGO; no.14/Comissão Nacional Especializada em Osteoporose)
[4] Ali AM, Alobaid A, Malhis TN, Khattab AF. Effect of vitamin D3 supplementation in pregnancy on risk of pre-eclampsia – Randomized controlled trial. Clin Nutr. 2018.
[5] Santamaria C, Bi WG, Leduc L, Tabatabaei N, Jantchou P, Luo ZC, et al. Prenatal vitamin D status and offspring’s growth, adiposity and metabolic health: a systematic review and meta-analysis. Br J Nutr. 2018;119(3):310-9.
