A vitamina D é um hormônio essencial para a metabolização do cálcio no organismo, uma vez que garante que os níveis séricos do mineral estejam adequados. A hipovitaminose D, quadro a qual existe uma deficiência do nutriente no sangue, pode levar a diversos distúrbios ósseos desde a primeira fase da vida até a velhice.
Vitamina D e cálcio na infância
Na infância, níveis adequados dessa vitamina ajudam manter o desenvolvimento e crescimento corporal adequados. De acordo com o artigo A importância do consumo dietético de cálcio e vitamina D no crescimento, escrito pela nutricionista e mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Aline L. Bueno, e o endocrinologista e professor da UFRGS, Mauro A. Czepielewski, durante a fase de crescimento, a vitamina D é responsável por 60% à 80% da absorção do cálcio, devido a altíssima demanda do mineral no amadurecimento do corpo.
Nesse período, é superimportante que a criança tenha uma alimentação rica, também, em cálcio. Segundo o mesmo estudo, a partir dos 10 anos de idade, há uma redução considerável no consumo de alimentos com o mineral e fica por volta de 54% abaixo do ideal.
Raquitismo
O raquitismo é uma doença que surge na infância, principalmente pela deficiência de vitamina D, cálcio e fósforo, mas pode ter origem genética. O quadro é caracterizado pelo enfraquecimento dos ossos e, na maioria das vezes, o envergamento de sua estrutura. Suas extremidades, como pulsos e tornozelos apresentam um aspecto mais largo que o comum. Além do mais, a musculatura da criança fica mais fraca e acontece um amolecimento da caixa torácica e craniana. A criança apresenta, também, um retardo de crescimento e pode sentir dor na região da coluna vertebral, pernas e pélvis. Para a correção esquelética, é necessário submetê-la a uma série de procedimentos cirúrgicos.
No século XIX, essa doença já era tratada com o uso de óleo de fígado de bacalhau que, além do alto índice de vitamina D, é rica em cálcio e, por isso, há um duplo benefício. De fato, desde aquela época é sabido que a deficiência dessas substâncias está intimamente ligada à doença. O raquitismo, quando associado às questões nutricionais, são muito comuns em países pobres, onde a fome é prevalente.
Para o tratamento, além da alimentação adequada e a diária exposição ao sol, o uso de suplementos pode ser adequado. Além do mais, a fisioterapia é uma alternativa que pode auxiliar na melhora dos movimentos e estrutura óssea.
Entretanto, se a doença for proveniente de uma herança genética, infelizmente, não há cura. Pois, quando isso acontece, a pessoa possui uma mutação genética, que impede a retenção do fósforo no rim, que é eliminado através da urina pelo excesso de uma substância chamada FGF-23.
Vitamina D e cálcio na idade adulta
Na idade adulta, o cálcio tem um papel fundamental para manter a saúde dos ossos e evitar que determinadas doenças apareçam de forma prematura. Aos 20 anos de idade é quando acontece o ápice da formação óssea no indivíduo. Isso significa que nesse período é quando o organismo tem o maior volume desse tecido. A partir dos 30 anos de idade até a velhice, essa estrutura tende a deteriorar-se continuamente, de forma mínima e pouco perceptível. Em condições normais, esse processo não causa maiores problemas, mesmo na terceira idade. Porém, a falta de cálcio pode ocasionar em seu enfraquecimento e surgimento de doenças como a osteoporose.
Mulheres acima dos 50 anos de idade tendem a já sofrer com a osteoporose e outras enfermidades que promovem o enfraquecimento do tecido ósseo. Isso acontece porque, durante a menopausa, há uma menor produção de estrogênio e, consequentemente, a ação da vitamina D. Na fase adulta, esse nutriente promove a absorção de 30% do cálcio no organismo, então, quando existe uma baixa do hormônio, há uma grande possibilidade dos níveis do mineral também diminuírem.
Gravidez
Durante uma gestação, tanto a mãe, quanto o bebê precisam ter os níveis apropriados dessas duas substâncias, para que ambos fiquem saudáveis. Durante a formação do feto, o cálcio é fundamental para a constituição dos ossos e, consequentemente, a vitamina D torna-se um nutriente muito importante para essa ação.
Além do mais, esse hormônio, em quantidades adequadas, pode prevenir uma série de complicações como por exemplo a pré-eclâmpsia, diabetes gestacionais e até mesmo a hemorragia pós-parto. A suplementação e mudança de hábitos alimentares devem ser estudados pelo médico no pré-natal, de acordo com as necessidades apresentadas pela gestante nos exames de rotina.
Vitamina D e cálcio na terceira idade
Naturalmente, os idosos têm o hábito de suplementar o cálcio, para fortificar os ossos e retardar o seu enfraquecimento. Entretanto, será que essa prática é eficaz sem a adição de vitamina D?
Tudo vai depender dos níveis do hormônio no sangue. Por isso, o ideal é fazer esse tipo de suplementação com o acompanhamento médico. Pois, não adianta tomar cápsulas de cálcio, se os níveis de vitamina D estiverem baixos, uma vez que o aproveitamento do mineral no organismo será baixo. Esses nutracêuticos agem, não somente como forma de tratamento, mas também como prevenção dessas doenças.
Osteoporose
A osteoporose é um quadro progressivo, onde existe a aceleração da perda de tecido ósseo. Com isso, eles vão ficando cada vez mais frágeis e quebradiços. A doença deixa-os porosos, de forma que, à medida que acontece a degradação, surgem pequenos furos na extensão do órgão.
Além da falta de vitamina D e cálcio, outros fatores como histórico familiar, sedentarismo, tabagismo, o uso de alguns medicamentos como os anticonvulsionantes, bem como a pré-existência de doenças como diabetes, leucemia e artrite reumatoide podem influenciar no surgimento da enfermidade. O suplemento de vitamina D e cálcio ajudam a retardar a osteoporose.
Alimentos ricos em cálcio e vitamina D
Alimentos como o salmão, atum, sardinha e laticínios são ricos nos dois nutrientes. Para além, a soja, feijão branco, brócolis e grão de bico são alguns dos alimentos que auxiliam na reposição de cálcio pelo organismo.
O óleo de fígado de bacalhau, o fígado de boi e galinha, ovos e cogumelos são ótimas fontes de vitamina D. Porém, é importante frisar que a pele tem uma alta capacidade de produção do hormônio e, por isso, hábitos alimentares não dispensam a necessidade de exposição aos raios solares ultravioletas.
Mitos e verdades sobre o cálcio e vitamina D
Existem diversas informações a respeito dessas duas substâncias que circulam nas redes sociais e sites pela internet. Alguns conteúdos até fazem algum sentido e têm um certo fundamento, outros nem tanto. Confira a seguir os principais mitos e verdades sobre o cálcio e a vitamina D.
Excesso de vitamina D pode dar pedra nos rins?
VERDADE. O excesso de vitamina D pode levar a hipercalcemia, que é a abundância de cálcio no organismo. Consequentemente, esse mineral é capaz de incentivar a formação de pedras nos rins.
Fraturas constantes nos ossos poderiam ser sinal hipovitaminose D?
VERDADE. Como a vitamina D é um dos principais responsáveis pela absorção do cálcio pelo organismo, a sua falta acarretará em uma baixa no mineral. E, a falta de cálcio é muito propícia ao enfraquecimento dos ossos.
O leite pode suprir toda a necessidade de vitamina D e cálcio do organismo?
DEPENDE. Para que o leite possa suprir toda a necessidade de vitamina D do organismo, é necessário a ingestão de ao menos dois litros por dia. Porém, o seu consumo em excesso pode levar a um quadro de hipercalcemia, o excesso de cálcio no sangue.
Além do mais, quando o ser humano chega na fase adulta, há uma diminuição na produção de uma enzima chamada lactase, que auxilia na digestão da lactose, um açúcar presente no leite. Seu consumo excessivo pode acarretará em uma intolerância e levar à desarranjos intestinais, flatulências e dor abdominal. O ideal é manter uma alimentação saudável, com alimentos que contém vitamina D e cálcio, associada à exposição ao sol.
Se os níveis de vitamina D estiverem bons, os de cálcio também estarão?
MITO. A vitamina D está intimamente ligada ao metabolismo do cálcio. Porém, também é necessário que a pessoa mantenha uma boa alimentação, rica no mineral, para que haja a sua absorção no organismo.
Recém-nascidos precisam de suplementação de vitamina D?
DEPENDE. O leite materno, apesar de muito rico em nutrientes e, inclusive cálcio, não possui um alto teor de vitamina D. Porém, se a criança tem uma exposição diária ao sol– mesmo que pequena– essa reposição pode acontecer naturalmente. Por isso, bebês que moram em lugares muito frios ou possuem a pigmentação da pele escura, tendem a ter menor a metabolização do hormônio pelos raios ultravioletas e consequentemente necessitar da suplementação.
Além do mais, o déficit do nutriente durante a gestação também pode influenciar em sua baixa após o nascimento. Somente uma avaliação pediátrica identificará a necessidade de suplementação.
Referências
BUENO, Aline L.; CZEPIELEWSKI, Mauro A.. A importância do consumo dietético de cálcio e vitamina D no crescimento. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 84, n. 5, p. 386-394, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572008000600003&lng=en&nrm=iso>.
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