Silimarina e NAFLD

A silimarina, um extrato de cardo mariano (Silybum marianum), é o tratamento botânico mais comumente utilizado para distúrbios hepáticos nos Estados Unidos, devido às suas supostas propriedades hepatoprotetoras1.  Através de suas propriedades antioxidantes, a silimarina pode mitigar a peroxidação lipídica e a produção de lesão de radicais livres, um mecanismo suspeito de lesão hepática na NASH. Estudos avaliando o uso da silimarina nessa capacidade descobriram que ela é eficaz na eliminação de radicais hidroxila, impedindo a liberação de TNF alfa e restaurando os níveis normais de superóxido dismutase, um precursor da glutationa2.

É utilizado em diferentes afecções hepáticas, particularmente doenças hepáticas crônicas, cirrose e carcinoma hepatocelular, devido ao seu poder antioxidante, anti-inflamatório e antifibrótico. De fato, o efeito antioxidante e anti-inflamatório da silimarina é orientado para a redução dos danos hepáticos relacionados ao vírus por meio do amolecimento da cascata inflamatória e modulação do sistema imunológico. Com relação ao abuso de álcool, a silimarina é capaz de aumentar a vitalidade celular e reduzir tanto a peroxidação lipídica quanto a necrose celular. Além disso, o uso de silimarina/silibina tem efeitos biológicos importantes na doença hepática gordurosa não alcoólica3.

Em uma revisão bibliográfica publicada por Federico A, et al., (2017)3, foi escrito que a silimarina possui três atividades importantes: anti-inflamatória, antioxidante e pró-apoptótica, que representam a “tríade funcional” que permite antagonizar o início e a progressão dos mecanismos de dano responsáveis pela progressão da hepatite para cirrose e carcinoma hepatocelular.

Na revisão sistemática publicada por Gillessen A, et al., (2020)4 aferiram que a silimarina mostrou efeitos positivos como tratamento de suporte na maioria das formas de doença hepática, incluindo cirrose e danos no fígado devido ao abuso de álcool. Em ensaios clínicos que incluíram pacientes com cirrose, houve uma redução significativa de mortes relacionadas ao fígado com o tratamento com silimarina.

Em uma meta-análise com revisão sistemática escrita por Kalopitas G, et al., (2021)5 e em sua conclusão foi escrito que a silimarina parece ser eficaz na redução dos níveis de transaminases em indivíduos com doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Apesar dos benefícios estatísticos, chamamos atenção para possíveis falhas relacionadas à qualidade dos estudos incluídos. Outros estudos bem desenhados devem ser realizados para examinar se esta redução nos níveis de transaminases corresponde à melhora histológica.

Referências Bibliográficas

  1. Abenavoli L, Capasso R, Milic N, Capasso F. Milk thistle in liver diseases: past, present, future. Phytother Res. 2010; 24(10):1423–1432.
  2. Navarro VJ, Belle SH, D'Amato M, et al. Silymarin in non-cirrhotics with non-alcoholic steatohepatitis: A randomized, double-blind, placebo controlled trial. PLoS One. 2019 Sep 19;14(9):e0221683.
  3. Federico A, Dallio M, Loguercio C. Silymarin/Silybin and Chronic Liver Disease: A Marriage of Many Years. Molecules. 2017;22(2):191.
  4. Gillessen A, Schmidt HH. Silymarin as Supportive Treatment in Liver Diseases: A Narrative Review. Adv Ther. 2020;37(4):1279-1301.
  5. Kalopitas G, Antza C, Doundoulakis I, et al. Impact of Silymarin in individuals with nonalcoholic fatty liver disease: A systematic review and meta-analysis. Nutrition. 2021;83:111092.
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