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Segurança do Dymista: Uma Avaliação no Público Pediátrico e Adulto

A rinite alérgica (RA) é uma condição inflamatória crônica da mucosa nasal, resultante de uma resposta imunológica mediada por imunoglobulina E (IgE), à exposição a alérgenos. Caracteriza-se por espirros, prurido, lacrimejamento ocular, congestão nasal, rinorreia e gotejamento pós-nasal, além de estar frequentemente associada a comorbidades como asma e sinusite. A RA compromete significativamente a qualidade de vida, prejudicando o sono, a produtividade no trabalho e o desempenho escolar. No Brasil, sua prevalência é de aproximadamente 30%. O tratamento padrão envolve corticosteroides intranasais e anti-histamínicos orais ou intranasais, embora muitos pacientes relatem alívio insuficiente ou dificuldades na adesão.1-3

Público pediátrico

Em relação ao público pediátrico, um estudo prospectivo, randomizado e paralelo conduzido por Berger WE, et al., (2016)⁴ avaliou a eficácia do Dymista® (dose diária: azelastina 548 μg, propionato de fluticasona 200 μg) comparado ao propionato de fluticasona isolado (FP) (Roxane®; dose diária 200 μg )em 405 crianças de 6 a 12 anos com histórico de RA. Ambos os tratamentos foram administrados como um spray por narina, duas vezes ao dia, por 90 dias. As crianças tratadas com Dymista® apresentaram uma redução de -0,68 pontos no escore total de sintomas (TSS), significativamente maior do que a redução observada com FP (-0,54 pontos; diferença: -0,14; IC 95%: -0,28, -0,01; P = 0,0410). A superioridade do Dymista® foi evidente desde o primeiro dia de avaliação, especialmente nos primeiros sete dias de tratamento, e manteve-se ao longo dos 90 dias.

Mais crianças tratadas com Dymista® (oito em 10 crianças) atingiram dias livres de sintomas ou, no máximo, sintomas leves no primeiro mês de tratamento, e o fizeram até 16 dias mais rápido do que FP (Figura 1). Durante os 3 meses do estudo, uma proporção maior de crianças tratadas com Dymista® permaneceu sem sintomas ou com sintomas leves [73,4% (DP 28,8)] em comparação às tratadas com FP [66,0% (DP 34,2)].

 

Figura 1: Tempo para atingir a gravidade máxima dos sintomas de rinite alérgica leve em crianças com sintomas moderados a graves no início do estudo durante o primeiro mês de tratamento com Dymista® (n = 124) ou propionato de fluticasona (FP: n = 44), ambos 1 sprays / narina, duas vezes ao dia, em crianças com idade ≥6 a 12 anos. O tempo de resposta foi analisado por estimativas de Kaplan-Meier e testes de log-rank.

O mesmo grupo de pesquisadores conduziu um estudo randomizado para avaliar a segurança do MP29-02 (Dymista) em comparação com o propionato de fluticasona (FP) na dose de um jato em cada narina, duas vezes ao dia, em pacientes pediátricos de 4 a 12 anos com rinite alérgica moderada a grave. O estudo teve duração de 3 meses, com a randomização de 304 participantes para o grupo MP29-02, e 101 para o grupo FP.5

Os participantes foram estratificados por idade nas faixas: (i) ≥4 anos a <6 anos; (ii) ≥6 a <9 anos; e (iii) ≥9 a <12 anos. A taxa de eventos adversos foi semelhante entre os grupos, sendo os mais frequentes: 5

  • Epistaxe: MP29-02 (10%) vs. FP (9%)
  • Dor de cabeça: MP29-02 (7%) vs. FP (3%)
  • Tosse: MP29-02 (4%) vs. FP (3%)
  • Diarreia: MP29-02 (1%) vs. FP (4%)

 

A descontinuação devido a eventos adversos ocorreu em 2% dos pacientes do grupo MP29-02 e 4% do grupo FP. Não foram observadas alterações clinicamente significativas em exames laboratoriais, sinais vitais ou achados nasais. Ambos os tratamentos foram bem tolerados e apresentaram perfis de segurança semelhantes. 5

Conforme indicado no Guia Prático de Atualizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) sobre Rinite Alérgica na Infância e Adolescência, recomenda a associação de anti-H1 (cloridrato de azelastina) e corticoide intranasal (propionato de fluticasona) para uso tópico em pacientes maiores de seis anos de idade com sintomas persistentes moderados ou graves que não estão controlados apenas com anti-histamínicos e/ou corticoides intranasais. Essa combinação é mais eficaz do que cada composto administrado isoladamente.6

Público adulto

Em adultos, a segurança e tolerabilidade a longo prazo do MP29-02 (cloridrato de azelastina + propionato de fluticasona) foram avaliadas em um estudo randomizado, aberto, controlado por ativo e de grupos paralelos, conduzido por Berger WE, et al., (2014)6. O estudo incluiu 612 participantes com rinite alérgica ou não alérgica crônica, com idades entre 12 e 80 anos, randomizados para receber MP29-02 (uma pulverização por narina, duas vezes ao dia – cloridrato de azelastina 548 mcg; propionato de fluticasona 200 mcg) ou propionato de fluticasona isolado (duas pulverizações por narina, uma vez ao dia – 200 mcg/dia).7

A segurança e a tolerabilidade foram avaliadas nos meses 1, 3, 6, 9 e 12. Após 1 ano, a incidência de eventos adversos relacionados ao tratamento foi baixa em ambos os grupos: 9,4% com MP29-02 e 11,1% com propionato de fluticasona isolado. Não foram observadas ulcerações nasais, perfurações septais ou alterações significativas em exames oculares e laboratoriais, incluindo níveis de cortisol sérico em jejum. Os resultados demonstram que o MP29-02 é seguro e bem tolerado para uso prolongado no tratamento da rinite crônica.7

Conclusões

Os estudos realizados comprovam a eficácia e a segurança da associação entre cloridrato de azelastina e propionato de fluticasona no tratamento da rinite alérgica, demonstrando resultados positivos tanto em pacientes pediátricos quanto em adultos.

Referências

  1. Bousquet J, Anto JM, Bachert C, Baiardini I, Bosnic-Anticevich S, Walter Canonica G, Melén E, Palomares O, Scadding GK, Togias A, Toppila-Salmi S. Allergic rhinitis. Nat Rev Dis Primers. 2020 Dec 3;6(1):95.
  2. Debbaneh PM, Bareiss AK, Wise SK, McCoul ED. Intranasal Azelastine and Fluticasone as Combination Therapy for Allergic Rhinitis: Systematic Review and Meta-analysis. Otolaryngol Head Neck Surg. 2019 Sep;161(3):412-418.
  3. Solé D, Camelo-Nunes IC, Wandalsen GF, Mallozi MC. Asthma in children and adolescents in Brazil: contribution of the International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC). Rev Paul Pediatr. 2014 Mar;32(1):114-25.
  4. Berger W et al. MP-AzeFlu is more effective than fluticasone propionate for the treatment of allergic rhinitis in children. 2016 Aug;71(8):1219-22.
  5. Berger, W.; Wahn, U.; Ratner, P.; Soteres, D. PP76 Randomised trial of the safety of MP29-02* compared with fluticasone propionate nasal spray in children aged ≥4 years to <12 years with allergic rhinitis. Clinical and Translational Allergy, v. 6, supl. 1, p. 42, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s13601-016-0117-8.
  6. Rinite alérgica na Infância e Adolescência (Guia prático de atualização)/Sociedade Brasileira de Pediatria, Departamento Científico de Alergia, Departamento Científico de Otorrinolaringologia, Grupo de Trabalho em Oftalmologia Pediátrica. Rio de Janeiro: SBP, 2023.
  7. Berger WE, Shah S, Lieberman P, Hadley J, Price D, Munzel U, Bhatia S. Long-term, randomized safety study of MP29-02 (a novel intranasal formulation of azelastine hydrochloride and fluticasone propionate in an advanced delivery system) in subjects with chronic rhinitis. J Allergy Clin Immunol Pract. 2014 Mar-Apr;2(2):179-85.

 

 

 

 

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