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Segurança de PEG 3350 em Pacientes Pediátricos: Um Estudo da eficácia, segurança e aceitabilidade ao longo de 12 meses

A constipação intestinal é uma condição comum em crianças e adultos, podendo ser primária (idiopática ou funcional – CF) ou associada a diversas afecções orgânicas ou ao uso de medicações1. Sintomas incluem evacuações infrequentes (menos de três evacuações por semana), sensação de evacuação incompleta, esforço excessivo para defecar, uso de manobra digital para evacuar ou fezes duras1-2.

 

Os laxantes podem ser agrupados conforme seu mecanismo de ação: osmóticos (polietilenoglicol, lactulose, sais de sódio e magnésio), emolientes ou lubrificantes (óleo mineral, docusato de sódio), estimulantes ou irritativos (bisacodil, picossulfato de sódio, sene, cáscara sagrada), secretagogos (lubiprostona) e procinéticos (prucaloprida)2-3.

 

A escolha do laxante para tratar a CF deve considerar eficácia, facilidade de uso, disponibilidade, custo e segurança1-2. Laxantes osmóticos são a primeira escolha para a manutenção do tratamento da CF, sendo o polietilenoglicol (PEG ou macrogol) o agente de preferência para crianças e adultos devido à sua comprovada eficácia e segurança3-4.

 

Poucos estudos comparam polietilenoglicol (PEG) 3350 e hidróxido de magnésio (MH) como tratamentos de longo prazo para constipação funcional (CF) em pacientes pediátricos. Com esse objetivo, foi publicado um estudo cujo título é: "Efficacy, safety, and acceptability of polyethylene glycol 3350 without electrolytes vs magnesium hydroxide in functional constipation in children from six months to eighteen years of age: A controlled clinical trial"5. Este estudo visou determinar a eficácia, segurança e aceitabilidade de PEG 3350 em comparação com MH no tratamento de CF em crianças a longo prazo.

 

O estudo incluiu pacientes pediátricos ambulatoriais de um hospital de cuidados terciários no México, que não haviam recebido os medicamentos do estudo por pelo menos um mês e atendiam aos critérios de Roma III para CF. Foi realizado um ensaio clínico aberto, randomizado e controlado por grupos paralelos, utilizando o método de blocos randomizados para garantir grupos balanceados em três subgrupos de diferentes faixas etárias: 6 meses a 4 anos, > 4 anos a 12 anos e > 12 anos a 18 anos. Dessa forma, foi possível avaliar se a idade dos pacientes influenciava na eficácia, segurança e aceitação de cada um dos laxantes.

 

O objetivo do tratamento era garantir de uma a três evacuações diárias de consistência mole, sem dor abdominal e sem incontinência fecal (IF). Os pais dos participantes foram instruídos sobre como ajustar as doses dos medicamentos para atingir esse objetivo, assim como receberam uma folha de instruções detalhadas. Se as evacuações se tornassem líquidas ou ultrapassassem de três por dia, a dose seria reduzida. Após alcançar a meta, a dose foi mantida. Um total de 83 participantes foram divididos em dois grupos, o grupo 1 (N= 41) recebeu PEG, e o grupo 2 (N= 42) recebeu MH, durante 12 meses, conforme descrito abaixo (Figura 1):

 

  • O Grupo 1 recebeu uma dose inicial de 0,7 g/kg/dia de PEG 3350, dissolvido em água pura, água saborizada, suco ou leite, administrado em uma a três doses diárias. A dose foi ajustada a cada três dias em incrementos de 5 g até alcançar de uma a três evacuações de consistência macia por dia.

 

  • O Grupo 2 recebeu uma dose inicial de 2 ml/kg/dia de MH, administrado sozinho ou dissolvido em suco, bebidas lácteas, achocolatado ou outras bebidas saborizadas, em uma a três doses diárias. A dose foi ajustada em incrementos de 5 ml a cada três dias até alcançar de uma a três evacuações de consistência mole por dia.

Figura 1. Distribuição demográfica de base.

 

Ao final do tratamento, 18 pacientes (9 de cada grupo) interromperam o tratamento antes dos 12 meses por diferentes razões. Assim, restaram N= 32 pacientes no Grupo 1, e N= 33 pacientes no Grupo 2.

 

Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas entre os grupos em relação ao tempo de tratamento necessário para atingir os critérios de sucesso (Figura 2). No grupo PEG, 97,56% dos pacientes alcançaram sucesso, enquanto no grupo MH, essa taxa foi de 95,24%, com p = 0,616. Além disso, não foram observadas diferenças na duração do tratamento necessária para atingir os critérios de sucesso, tanto entre os grupos de tratamento quanto nos diferentes subgrupos etários, ao longo de 1, 3, 6, 9 e 12 meses de tratamento.

 

Figura 2. Comparação da taxa de sucesso entre os grupos de tratamento em cada intervalo de tempo.

 

Embora a aceitação geral de PEG e MH tenha sido semelhante, a análise dos subgrupos etários revelou que um número significativamente maior de pacientes rejeitou MH nos subgrupos de > 4 a 12 anos e de > 12 a 18 anos (p = 0,037 e p = 0,020, respectivamente) (Figura 3). Não foram observados eventos adversos graves em nenhum dos tratamentos, independentemente do subgrupo etário. No entanto, um número significativamente maior de pacientes no grupo PEG apresentou gases (p = 0,024), enquanto no grupo MH, um número significativamente maior de pacientes relatou evacuações dolorosas (p = 0,02) (Figura 4).

 

Figura 3. Número de pacientes que rejeitaram a medicação, por grupo de intervenção e subgrupo etário.

Figura 4. Eventos adversos clínicos. Comparação do grupo de tratamento.

 

Concluiu-se que ambos os medicamentos são eficazes no tratamento da CF em pacientes pediátricos. No entanto, o PEG foi melhor aceito do que o MH por pacientes com mais de 4 anos, especialmente aqueles acima de 12 anos. Ambos os medicamentos são seguros para tratar bebês com menos de 12 meses por um período de 12 meses. Contudo, são necessários mais estudos comparativos nessa faixa etária para reforçar essa conclusão.

 

Referências bibliográficas

  1. Bharucha AE, Wald A. Chronic Constipation. Mayo Clin Proc. 2019 ;94(11):2340-2357.
  2. Bharucha AE, Lacy BE. Mechanisms, evaluation, and management of chronic constipation. Gastroenterology 2020. Apr;158(5):1232-1249.e3
  3. Vriesman MH, Koppen IJN, Camilleri M et al. Management of functional constipation in children and adults. Nat Rev Gastroenterol Hepatol 2020;17(1):21-39.
  4. Paré P, Fedorak RN. Systematic review of stimulant and nonstimulant laxatives for the treatment of functionalconstipation. Can J Gastroenterol Hepatol. 2014;28(10):549-57.
  5. Worona-Dibner L, Vázquez-Frias R, Valdez-Chávez L, Verdiguel-Oyola M. Efficacy, safety, and acceptability of polyethylene glycol 3350 without electrolytes vs magnesium hydroxide in functional constipation in children from six months to eighteen years of age: A controlled clinical trial. Rev Gastroenterol Mex (Engl Ed). 2023 Apr-Jun;88(2):107-117.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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