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Opção não hormonal para mulheres no climatério

A menopausa é considerada o fim da vida reprodutiva da mulher. Geralmente, é indicada pela ausência de sangramentos menstruais por um período de pelo menos um ano. A transição menopausal, ou climatério, é um período de transição fisiológico decorrente da redução da função ovariana, associado a diversas mudanças no organismo da mulher.

Os sinais corporais associados ao climatério incluem os sintomas vasomotores, como os fogachos e suores noturnos, além da síndrome geniturinária da menopausa e a perda de massa óssea. Portanto, essas alterações podem trazer consequências negativas para a saúde física e psicológica da paciente.

Pesquisas apontam que 80% das mulheres são acometidas por um ou mais dos sintomas relatados. Entre estas, 50% avaliam que os incômodos desaparecem espontaneamente em cerca de quatro anos. No entanto, em 30% dos casos, os desconfortos permanecem e causam impacto na qualidade de vida das pacientes.

Sintomas do climatério

Os incômodos causados por esse fenômeno endócrino podem aparecer espontaneamente ao longo do dia, ou então, serem desencadeados por outros fatores como:

emoções;

mudanças de temperatura;

estresse;

consumo de bebida alcóolica;

ingestão de café;

consumo de bebidas quentes.

Além disso, algumas das manifestações clínicas comuns relatadas por mulheres em fase de climatério são:

insônia;

formigamentos;

cansaço;

dores musculares;

alterações de humor;

dores de cabeça;

redução da libido;

aumento localizado de gordura (flancos e abdômen);

diminuição da lubrificação vaginal.

Por isso, para garantir uma melhor qualidade de vida das mulheres no período de transição e após a menopausa, é indicada a realização de tratamento específico para amenizar os sintomas.

Terapia de reposição hormonal

Existem diferentes tratamentos disponíveis para os sintomas climatéricos, incluindo a terapia de reposição hormonal (TRH). Esta modalidade de tratamento tem se mostrado a mais eficaz para o controle dos fogachos. Entretanto, devido ao potencial aumento do risco de desenvolver o câncer de mama e efeitos deletérios à saúde cardiovascular, muitas mulheres buscam opções não hormonais para o controle dos sintomas.

Evidências contemporâneas da TRH

O objetivo principal da TRH é o controle dos sintomas vasomotores no climatério, o que causa maior repercussão na saúde e no bem-estar da mulher nessa fase. Além desse papel, existem evidências do benefício da terapia hormonal no controle da perda de massa óssea, nos sintomas geniturinários, nos distúrbios de humor e do sono, além da melhora da qualidade de vida.

Apesar dos benefícios listados, a TRH não é isenta de riscos e precisa de uma avaliação individualizada. Isso porque, a indicação do método deve ser prescrita de forma precisa e a decisão deve ser compartilhada com a paciente.

Entre as principais contraindicações de seu uso temos: 

doença hepática descompensada;

história pessoal de câncer de mama ou de endométrio;

lesões precursoras de câncer de mama;

sangramento vaginal por causa desconhecida;

doenças coronarianas.

Visto isso, e levando em consideração a busca cada vez maior das pacientes por alternativas não hormonais, a literatura científica vem crescendo a cada dia com novas opções de recursos para alívio dos sintomas.

Terapia de reposição não hormonal

Como discutimos ao longo do texto, os sintomas vasomotores (fogachos) são o principal foco de tratamento sintomático do climatério. Apesar da terapêutica hormonal ser a opção com maior evidência de eficácia para o alívio desses sintomas.

Assim, outras opções podem ser prescritas em pacientes que apresentem contra indicação médica ao uso de hormônios ou para aquelas que, por opção pessoal, não desejam o uso dessa classe de medicamentos.

Entre as categorias de tratamento não hormonal, temos:

1) não farmacológicas ou comportamentais;

2) farmacológicas alternativas (fitoterápicos);

3) farmacológicas.

As terapias não farmacológicas incluem a mudança de estilo de vida, com adoção de uma alimentação equilibrada e prática atividade física regular. Essas medidas trazem benefícios para a saúde e do controle dos sintomas climatéricos, por isso, devem ser sempre orientadas.

Na categoria dos fitoterápicos, as isoflavonas aparecem como uma classe de fitoquímicos bastante pesquisada e amplamente utilizada para o manejo dos sintomas em questão. Entre os fitomedicamentos aprovados pela ANVISA para esse fim encontramos o Trifolium pratense. 

Dentre as terapias farmacológicas, incluem-se alguns inibidores de recaptação de serotonina (ISRS), inibidores de recaptação de serotonina-norepinefrina (IRSN) e a gabapentina. Essas classes de medicamentos são eficazes na redução dos sintomas, mas também, podem apresentar reações adversas, diminuindo a adesão e a continuidade de tratamento.

Considerações finais

O uso de terapia hormonal ainda é a opção mais eficaz no controle de sintomas do climatério, mas sua indicação pode não ser possível frente a comorbidades e riscos individuais de cada mulher.

Além disso, a busca por alternativas não hormonais para alívio dos sintomas vem crescendo nos últimos anos, passando a ser um importante foco de atualização para médicos e profissionais de saúde que trabalham com a saúde da mulher.

Referências:

Bagnoli, V. R.; Da Fonseca, A. M.; Bagnoli, F.; Cezarino, P. Y. A.; Da Silva, J. S. P.; Baracat, E. C. Alternativas para o tratamento não hormonal de mulheres no climatério. RBM rev. bras. med ; 71(9) set. 2014. 

Umland, M. E.; Falconieri, L. Treatment options for vasomotor symptoms in menopause: focus on desvenlafaxine. International Journal of Women?s Health 2012:4 305?319.

Pompei, Luciano de Melo; Machado, Rogério Bonassi; Wender, Maria Celeste Osório; Fernandes, César Eduardo Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal da Menopausa – Associação Brasileira de Climatério (SOBRAC) – São Paulo: Leitura Médica, 2018.

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