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Novidades da Vitamina D

Foram revisitados, recentemente, os valores de referência da 25-hidroxivitamina D pelas sociedades: SBEM e SBPC. Baseados em evidências internacionais e estudos relevantes, destacaram-se neste trabalho, principalmente, os aspectos metodológicos da busca pela dose e em que composição da vitamina D, recomendações de dosagem, bem como os valores de referência indicados e causas da intoxicação deste nutriente, por fim, trataram-se dos benefícios da obtenção de níveis séricos maiores de 30ng/mL. [1]

VITAMINA D EM FOCO

Nessa conjuntura, as pesquisas em torno da 25(OH)D têm gerado mais debates através de temas novos publicados. Efeitos pleiotrópicos da Vitamina D vão além da saúde óssea bem estabelecida, os estudos já indicam sua relação com asma, diabetes, depressão, imunidade, câncer e outras enfermidades. Vale ressaltar que nestes trabalhos ainda são necessários maiores reforços científicos para ser comprovado. [1,2]

Fig. 1 Modificada – Síntese e metabolismo da Vitamina D [5].   

 LABORATÓRIO – QUANTI E QUALI DA VITAMINA D

O método padrão-ouro para dosificar a Vitamina D é o bioquímico colorimétrico para a rotina e o padrão da busca é a 25OHD, pois, nesta forma a meia vida é longa o que permite sua reprodutibilidade. Em casos excepcionais a busca poderá ser focada na forma de 1,25OH2D (ex. para os casos de suspeita na função renal). 

META E PARÂMETROS DOS NÍVEIS SÉRICOS 

Não obstante, o trabalho ainda recomendou níveis séricos da vitamina D acima de 30 ng/mL para obter os benefícios deste hormônio para os seguintes grupos: 

Tabela 1. Condições Clínicas com risco de deficiência da Vitamina D [1]

  1. Baixa produção cutânea:  Idade Avançada; Obesidade; Pele Escura; Barreiras Físicas (protetor solar, vestimentas, vidro); Baixa Exposição Solar (gestação, risco câncer de pele, LES); Insuficiência Hepática; Doença Renal Crônica e Raquitismo dependente de vitamina D tipo I e II. 
   2. Má absorção intestinal: Doenças Inflamatórias, Doença Celíaca, Doença de Crohn, Fibrose Cística, Insuficiência Pancreática, Cirurgia Bariátrica, Medicamentos (Orlistate, Colestiramina). 
  3. Aumento da metabolização: Medicamentos (anticonvulsivantes, cetoconazol, isoniazida, antirretrovirais, antibióticos); Condições inflamatórias (LES - Lúpus eritematoso sistêmico, AR - Artrite reumatoide, tuberculose); Hiperparatireoidismo primário; Tratamento da osteoporose com Teriparatide.

 

Adicionalmente foi sugerido que a busca de captura pela fase da metabolização da vitamina D na forma de 25(OH)D seja realizado com foco nesse grupo específico, ao contrário de dosagens em massa na população. [1]

Valores de Referência e Doses Indicadas

Com a evolução das pesquisas, os valores de referência foram atualizados, conforme abaixo:

Tabela 2. Valores de referência da Vitamina D [1]

Deficiência: <20 ng/mL
Adequado para a população em geral <65 anos: entre 20-60 ng/mL
Ideal para grupos de risco: 30-60 ng/mL
Risco de intoxicação:> 100 ng/mL

 

De acordo com o artigo em referência, o autor Moreira e seus colaboradores, “A dose usual para correção (dose de ataque) da deficiência de vitamina D é 50.000 UI/semana . Para manutenção, a dose varia de 400 a 2.000 UI dia, dependendo da idade e condição clínica do paciente.” Essas doses são seguras e eficientes para garantir o tratamento do paciente, visto que a preocupação de se administrar doses muito elevadas podem atingir níveis séricos >100ng/mL que já estão associados ao risco de intoxicação, podendo causar hipercalcemia. [1]

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão, a discussão no estudo corrobora para a manutenção dos níveis de Vitamina D > 30ng/mL para buscarem os possíveis efeitos extraósseos desse hormônio, e deixar claro que ainda não existem benefícios conclusivos para sustentar níveis > 60ng/mL. Outros estudos clínicos com maior amostragem devem ser conduzidos para melhor entendimento do papel da 25(OH)D nas diversas patologias associadas.

 

Siglas:

SBEM: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo 

SBPC: Sociedade Brasileira de Patologia Clínica

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Moreira Carolina Aguiar, Ferreira Carlos Eduardo dos S, Madeira Miguel, Silva Barbara Campolina Carvalho, Maeda Sergio Setsuo, Batista Marcelo Cidade et al . Reference values of 25-hydroxyvitamin D revisited: a position statement from the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism (SBEM) and the Brazilian Society of Clinical Pathology/Laboratory Medicine (SBPC). Arch. Endocrinol. Metab.  [Internet]. 2020  Aug [cited  2020  Nov  25] ;  64( 4 ): 462-478. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-39972020000400462&lng=en.  Epub June 05, 2020.  https://doi.org/10.20945/2359-3997000000258.

[2] Maeda SS, Borba VZ, Camargo MB, et al; Brazilian Society of Endocrinology and Metabology (SBEM). Recommendations of the Brazilian Society of Endocrinology and Metabology (SBEM) for the diagnosis and treatment of hypovitaminosis D. Arq Bras Endocrinol Metabol 2014;58(05):411–433

[3] Herrmann M, Farrell CL, Pusceddu I, Fabregat-Cabello N, Cavalier E. Assessment of vitamin D status – a changing landscape. Clin Chem Lab Med. 2017;55(1):3-26.

[4] Glendenning P, Inderjeeth CA. Controversy and consensus regarding vitamin D: Recent methodological changes and the risks and benefits of vitamin D supplementation. Crit Rev Clin Lab Sci. 2016;53(1):13-28.

[5] Rosen, Clifford J. Vitamin D Insufficiency. Journal Article, New England Journal of Medicine January 20, 2011 364(3):248. DOI: 10.1056/NEJMcp1009570

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