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Maio Roxo: Doenças Inflamatórias Intestinais, ou DII

Doenças Inflamatórias Intestinais, ou DII

Todos sabemos que o intestino e seu funcionamento impactam diretamente em nossa saúde e bem-estar. É importante ficar alerta a dores e variações, que podem indicar que algo não está bem. Vamos falar das DII, ou Doenças Inflamatórias Intestinais, que podem alterar bastante a rotina dos pacientes.

Durante o mês de maio — o chamado Maio Roxo — a comunidade médica e a sociedade promovem a divulgação da informação para a conscientização a respeito das Doenças Inflamatórias Intestinais, também conhecidas como DII. Em todo o mundo, mais de cinco milhões de pessoas sofrem desses problemas, sendo que cerca de metade sofre de doença de Crohn e cerca da outra metade de retocolite ulcerativa. Mas o que são essas doenças? Esses nomes incomuns escondem sintomas bem comuns. É importante voltar atenções para os sintomas, pois o diagnóstico precoce, como em tantas outras doenças, faz muita diferença para o tratamento. 

O que são doenças inflamatórias intestinais?

As DII, ou doenças inflamatórias intestinais, é o nome dado ao grupo de doenças crônicas que, como o próprio nome já indica, correspondem a inflamações no intestino, ou em outras alturas do aparelho digestivo. Essas inflamações podem causar lesões de vários graus. Nos casos mais severos, as DII chegam a causar feridas internas, que são as úlceras.  A inflamação é tão severa que pode levar a sangramentos e anemias advindas desse sangramento, e também pela baixa absorção de nutrientes, já que a mucosa intestinal pode ficar comprometida. Aqui vamos citar duas DII, a Doença de Crohn, e a Retocolite Ulcerativa. Vamos lá?

O que é Doença de Crohn?

A doença de Crohn é uma síndrome inflamatória que acomete especialmente a parte inferior do intestino delgado e o cólon. Essa inflamação é agressiva e prejudica as várias camadas da parede do intestino, sendo a mucosa, a submucosa, a camada muscular e a serosa, que é a parte mais externa do intestino. Apesar dela ser uma síndrome intestinal, a inflamação pode levar a síndrome a atingir outros órgãos. É muito importante tomar as providências necessárias o quanto antes, para controlar a evolução. Os principais sintomas e desdobramentos da doença de Crohn são:

Febre

Perda de peso

Fraqueza, pois os nutrientes não são bem absorvidos

Dor na parte inferior direita do intestino

Dores articulares

Aftas

Nódulos avermelhados sob a pele

Feridas na pele

Pedra na vesícula

Pedras nos rins

Inflamação nos olhos

Obstrução intestinal

Fístulas (aberturas) que permitem o derramamento para fora do intestino, perto do períneo, da vagina e da bexiga.

O que é retocolite ulcerativa?

A retocolite ulcerativa inespecífica é uma doença crônica inflamatória, que causa uma inflamação superficial na mucosa do intestino grosso. Ela provoca áreas lesionadas nos locais onde surgem. Apesar de não se saber exatamente a causa dela, tudo indica que o que causa essa DII são fatores genéticos e autoimunes. Como vocês verão abaixo, os sintomas dessa DII podem impactar, e muito, a rotina de quem a desenvolve.

Os principais sintomas e desdobramentos da retocolite ulcerativa são:

Sangramento intestinal

Crises persistentes de diarréia com sangue

Reflexo intenso para evacuar após a ingestão de alimentos

Perda de peso causada pela redução da alimentação

Dores articulares

Nódulos avermelhados sob a pele

Feridas graves na pele

Alterações oculares

Alterações no fígado

Quais são as causas das doenças inflamatórias intestinais?

Não se sabe ainda o que causa as DII. Alguns estudos apontam para fatores genéticos hereditários e ligados à imunidade. O que se sabe é que, nas últimas décadas, houve uma explosão no número de casos de Doenças Inflamatórias Intestinais. Parece haver uma correspondência direta entre as DII e os hábitos alimentares. Em países com a base da alimentação composta por alimentos industrializados e/ou gordurosos, o número de casos é proporcionalmente muito maior do que em países onde a alimentação é mais natural e/ou é menos gordurosa. Quanto mais ocidental e mais rico o país, maior o número de casos. Isso aponta para a importância de refletirmos na estrutura alimentar, nossa e de nossa família. É importantíssimo que, mesmo sem abrir mão dos costumes e cultura, a alimentação passe por um planejamento racional, que leve em conta os fatos relevantes que a ciência já apontou. A alta ocorrência de DII em países ocidentais é mais um bom motivo para a adoção de uma alimentação mais leve e mais saudável.

Como tratar doenças inflamatórias intestinais?

Podemos dizer que o tratamento adequado das Doenças Inflamatórias Intestinais melhora a vida do paciente em três aspectos: clínico, social e psicológico. Os benefícios de se controlar essas doenças são tão relevantes que toda a disciplina necessária para isso vale muito a pena. Muito já se avançou no tratamento, que envolve medicamentos — e só podem ser indicados caso a caso por um médico especialista que acompanhe a evolução do caso —  mudanças alimentares, e tratamentos específicos em casos mais severos, como cirurgia.  É preciso evitar os alimentos que desencadeiam com mais frequência a reação inflamatória da mucosa, e que causam a disbiose, que é o desequilíbrio na microbiota intestinal (também chamada de flora intestinal). Vale a pena notar que uma alimentação considerada saudável para uma pessoa que não é portadora de DII, talvez precise ser evitada por quem já desenvolveu alguma síndrome intestinal. Por exemplo, as fibras. Contraintuitivamente, um paciente que já está desenvolvendo ou já desenvolveu DII deve consumir menos fibras, e não mais, mesmo que elas façam parte de uma alimentação saudável. Como não existe cura para as DII, o objetivo é levar o corpo ao estado de remissão, ou seja, a tornar imperceptível a tendência inflamatória do intestino.

Para isso, vamos listar de maneira global a maioria das recomendações válidas para a Doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Vamos lá?

Recomendações gerais para quem é portador de Doença Inflamatória Intestinal:

Evitar alimentos gordurosos de origem animal

Não fumar de maneira alguma

Controlar o peso

Evitar situações de stress elevado

Praticar atividade física regularmente

Isolar alimentos para identificar o que causa ou agrava sintomas

Buscar acompanhamento de nutricionista especializado ou especializada

Voltar a procurar um médico ao menor sinal de sangue nas fezes

Buscar orientação médica ao enfrentar episódios de diarreia persistente

Evitar leite e derivados

Elimine ingestão de condimentos fortes

Não beba cerveja, vinho, espumantes ou sakê. (fermentados)

Evite fibras insolúveis (verduras cruas, verduras refogadas, frutas fibrosas)

Quando alcançar uma rotina equilibrada, e atingir a situação de remissão, é importante zelar para não desencadear crises. E isso tem relação direta ao estilo de vida. Planejar um estilo de vida saudável para o seu caso, para o seu organismo, é essencial para todos, e em especial para quem convive com uma condição que exige mais disciplina e consciência a respeito dos hábitos. 

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