No ensaio clínico randomizado e multicêntrico publicado por Halasa NB, et al., (2022)1 no periódico do The New England Journal of Medicine em julho, avaliou o risco de hospitalização por COVID-19 de bebês com 6 meses ou menos, devido a vacinação materna e transferência transplacentária de anticorpos contra o SARS-CoV-2.
A doença por coronavírus 2019 (Covid-19) durante a gravidez está associada a doenças graves, hospitalização e morte, bem como a um risco aumentado de resultados adversos na gravidez e complicações neonatais. Muitas complicações do Covid-19 na população em geral são evitáveis através da vacinação. Estudos mostraram que as vacinas de mRNA (BNT162b2 [Pfizer–BioNTech] e mRNA-1273 [Moderna]) foram altamente eficazes na prevenção da Covid-19 grave durante a gravidez. Os dados também apoiam a segurança da vacinação contra o Covid-19 durante a gravidez, e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomendam a vacinação contra o Covid-19, incluindo reforços quando elegíveis, para pessoas grávidas ou que planejam engravidar.
A vacinação materna pode ter benefícios duplos; a vacinação fornece proteção às gestantes e, também pode fornecer o benefício adicional de proteger seus bebês, que não seriam elegíveis para vacinação. A vacinação contra o Covid-19 durante a gravidez leva à presença de anticorpos maternos detectáveis no sangue do cordão umbilical, leite materno e amostras de soro obtidas de bebês, achados que indicam a transferência de anticorpos maternos para bebês; os títulos de anticorpos entre os bebês são mais altos quando a vacinação materna ocorre no final do segundo trimestre ou no início do terceiro trimestre da gravidez. Além disso, os anticorpos anti-spike contra o coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) persistem nos primeiros 6 meses de vida, e esses níveis de anticorpos são mais altos entre os bebês nascidos de mães que foram vacinadas durante a gravidez do que entre os bebês cujas mães tiveram anticorpos induzidos por infecção natural por SARS-CoV-2 durante a gravidez.
Foi relatado anteriormente um risco reduzido de 61% de hospitalização por Covid-19 entre bebês com menos de 6 meses de idade em associação com a vacinação materna com duas doses de uma vacina de mRNA Covid-19 durante a gravidez. Os dados obtidos nesse estudo foram de lactentes que foram internados predominantemente durante a circulação da variante delta.
No atual estudo foram incluídos 361 lactentes e 309 lactentes controle após a circulação da variante ômícron. Em conclusão foi sugerido que, nesta avaliação do mundo real, a vacinação materna com vacinas de mRNA foi associada a uma redução substancial no risco de hospitalização e doenças críticas relacionadas ao Covid-19 entre bebês pequenos, embora as reduções tenham sido menos pronunciadas quando a variante ômícron foi predominante. Essas descobertas fornecem suporte adicional para as recomendações atuais sobre a vacinação contra Covid-19 durante a gravidez.
Referências bibliográficas
- Halasa NB, Olson SM, Staat MA, et al. Maternal Vaccination and Risk of Hospitalization for Covid-19 among Infants. N Engl J Med. 2022;387(2):109-119.
