DEFINIÇÃO
• O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma síndrome neurocomportamental caracterizada pela presença persistente de desatenção, hiperatividade e impulsividade1.
• O transtorno interfere no desenvolvimento do indivíduo, podendo gerar distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais.
• O TDAH é um transtorno que se inicia na infância e pode estender-se à idade adulta1.
• O TDAH afeta a vida social, familiar, acadêmica e profissional2.
• Cerca de 11% das crianças de idade escolar podem ter o transtorno e em aproximadamente 75% dos casos os sintomas permanecem na vida adulta2.
• A identificação e o tratamento adequado são essenciais2:
• O TDAH pode levar a fracasso escolar, estresse familiar, problemas com relacionamentos, abuso de substâncias, delinquência, lesões acidentais e fracasso no trabalho.
• O TDAH é um distúrbio prevalente na infância e adolescência, e uma das principais causas de busca de atendimento em neuropediatria1.
• O diagnóstico requer anamnese detalhada e exame físico completo, uso de escalas comportamentais e a consideração plena do diagnóstico diferencial1.
QUADRO CLÍNICO1,3
Há três apresentações principais do TDAH, mas os sintomas podem variar com o tempo, e o perfil de apresentação pode mudar com a idade3.
• Desatenção 1,3 |
• Atenção não sustentada; • Sem atenção aos detalhes, cometendo erros por descuido; • Dificuldade de seguir instruções; • Dificuldade de organização; • Esquecimento. |
• Hiperatividade e impulsividade1,3 |
• Movimentação, agitação e fala excessiva; • Interrupção constante; • Impaciência. |
• Tipo combinado1,3 | • Características de desatenção, de hiperatividade e de impulsividade. |
PREVALÊNCIA
Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos EUA mostra que 9,8% da população de crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos de idade foi diagnosticada com o transtorno entre 2016 e 20194.
Prevalência por idade4:
- 3 a 5 anos: 2%
- 6 a 11 anos: 10%
- 12 a 17 anos: 13%
Prevalência por sexo4:
- Meninas: 6%
- Meninos: 13%
O TDAH não é um problema apenas de meninos4
- As meninas têm, na sua maioria, sintomas de desatenção.
- O diagnóstico não é feito ou é tardio, cerca de 5 anos mais tarde que em meninos.
- Com a atenção à diferença de perfil, a proporção de diagnóstico entre meninos e meninas hoje é de 3:1.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do TDAH é clínico e considera os critérios diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, 5ª edição (DSM-V) 1,3. O paciente deve atender a pelo menos 6 dos 9 critérios relativos à desatenção e/ou no mínimo 6 dos 9 critérios relativos à hiperatividade (Quadro 1)1,3.
A
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Quadro 1. Critérios diagnósticos para Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (DSM-5)
Adaptado de: Andrade PFSM, Vasconcelos MM. Residência Pediátrica. 2018;8(Supl 1):64-71.1 American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 2014.3
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O quadro 2 apresenta os diagnósticos diferenciais a serem considerados no TDAH1.
Epilepsia tipo ausência infantil Déficit auditivo Déficit visual Sequela de lesões cerebrais Síndromes genéticas Doenças neurodegenerativas |
Causas psicossociais Doenças da tireoide Toxinas ambientais e teratogênicas Distúrbios do sono Transtornos neuropsiquiátricos Transtornos do aprendizado Deficiência intelectual |
Quadro 2. Diagnósticos diferenciais para o TDAH
Adaptada de: Andrade PFSM, Vasconcelos MM. Residência Pediátrica. 2018;8(Supl 1):64-711.
• Uma revisão sistemática e metanálise brasileira recente mostrou que a suplementação de ácido graxo ômega-3, EPA e DHA, pode contribuir de maneira positiva para a diminuição dos sintomas do TDAH em crianças com idade de 0 a 12 anos7.
• Entretanto, a ação da suplementação pode ser influenciada por fatores como a dose diária do nutriente, o consumo de alimentos que são fontes dos ácidos graxos, os níveis sanguíneos alcançados e a relação de EPA:DHA nosuplem ento7.
PROGNÓSTICO
• O tratamento multimodal com terapia medicamentosa, apoio psicológico e pedagógico, orientação nutricional adequados permite que cerca de 60% das crianças com TDAH se tornem adultos funcionais e adaptados ao transtorno1.
• O prognóstico depende da precocidade e da qualidade da abordagem multimodal1.
Referências
- Andrade PFSM, Vasconcelos Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Residência Pediátrica. 2018;8(Supl 1):64-71.
- CHADD National Resource Center on ADHD. About ADHD. Disponível em: https://d393uh8gb46l22.cloudfront.net/wp-content/uploads/2018/03/aboutADHD.pdf. Acesso em: 6 dez.
- American Psychiatric Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico]: DSM-5. Porto Alegre: Artmed; 2014.
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Data and Statistics About Disponível em: https://www.cdc.gov/ncbddd/adhd/data.html. Acesso em: 6 dez. 2023.
- Littman The Gender Myths (Or “Only Boys Have ADHD”). Attention Magazine, Aug 2021. Disponível em: https://chadd.org/attention-article/the-gender-myths/. Acesso em: 6 dez. 2023.
- Associação Brasileira de Déficit de Atenção. Publicado em 10 mai. 2017. Disponível em: https://tdah.org.br/tratamento/. Acesso em: 4 jul. 2023.
- Marques FMS, Aragão Neto JC, Goulart Filho Eficácia do ácido graxo Ômega-3 sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças (0 a 12 anos de idade): uma revisão de literatura. Saúde e Desenvolvimento Humano. 2022;10(3).