A deficiência de vitamina D representa um desafio significativo para a saúde global, especialmente em países em desenvolvimento, podendo levar a complicações sérias como o raquitismo, afetando a saúde óssea das crianças. Um estudo recente publicado na revista Pediatrics investigou os efeitos da suplementação de vitamina D durante a gravidez como medida preventiva contra o raquitismo infantil. Realizado em Bangladesh, o estudo analisou dados de 1300 mulheres como parte de um ensaio clínico randomizado e controlado. Suas descobertas são cruciais para melhorar a saúde materna e infantil, destacando o risco de raquitismo aos 6 e 12 meses de idade como desfecho principal.
Os pesquisadores dividiram as gestantes em diferentes grupos que receberam doses variadas de vitamina D, que iam de 4.200 UI a 28.000 UI por semana, começando da 17ª até a 24ª semana de gestação até o parto. Os resultados mostraram que as gestantes que receberam a dose mais alta de 28.000 UI por semana apresentaram a menor incidência de raquitismo bioquímico em seus bebês. Este tipo de raquitismo foi caracterizado por níveis elevados de fosfatase alcalina sérica (>370 U/L) e/ou baixos níveis de 25-hidroxivitamina D (<20 ng/mL). O estudo foi realizado com cinco grupos, incluindo um grupo de controle que recebeu placebo, além de um grupo que foi acompanhado até seis meses após o parto.
A análise revelou uma redução significativa na incidência de raquitismo bioquímico nos bebês cujas mães receberam suplementação de vitamina D durante a gestação e continuaram por seis meses após o parto, em comparação aos grupos que receberam doses menores ou placebo (figura 1). Esses resultados destacam a importância crítica de manter níveis adequados de vitamina D ao longo da gravidez para promover a saúde óssea tanto das gestantes quanto de seus bebês.
Figura 1: Risco relativo de raquitismo bioquímico com diferentes doses de suplementação de vitamina D materna durante a gravidez e o pós-parto em comparação com placebo (barras azuis). Análise de subgrupo do efeito da suplementação de vitamina D materna no raquitismo infantil em mulheres com deficiência de vitamina D no início do estudo (25(OH)D <30 nmol, n = 507) (barras laranjas). Os círculos mostram as estimativas de efeito com intervalos de confiança de 95% (IC).
Com base nessas descobertas, especialistas recomendam a inclusão da suplementação de vitamina D como parte integral dos cuidados pré-natais, especialmente em regiões com alta prevalência de deficiência de vitamina D e raquitismo e pacientes que façam parte do grupo de risco para deficiência de vitamina D. Isso não apenas pode melhorar os resultados de saúde infantil, mas também reduzir a carga de doenças evitáveis em países em desenvolvimento. Educação contínua e monitoramento adequado pelos profissionais de saúde são essenciais para maximizar os benefícios dessa intervenção preventiva.
A pesquisa sublinha a importância de políticas de saúde pública que priorizem a suplementação de vitamina D durante a gravidez, destacando seu papel crucial na prevenção do raquitismo infantil e na promoção da saúde óssea desde o início da vida.
