A osteoartrose afeta mais comumente joelhos e quadris de pessoas idosas, causando dor, limitação funcional e redução da qualidade de vida. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), paracetamol e opioides compõem a primeira linha de tratamento farmacológico. Entretanto, apesar da inegável melhora da dor nesses pacientes, o uso dessas terapias farmacológicas em excesso está associado a importantes efeitos colaterais. Uma metanálise publicada no último mês no British Medical Journal buscou evidenciar a eficácia e segurança das diferentes doses desses medicamentos no tratamento da osteoartrose de joelho e quadril.
O Estudo
Foram selecionados 192 ensaios clínicos randomizados publicados em inglês com mais de 100 pacientes por grupo que avaliaram AINEs, paracetamol ou opioides para tratamento da osteoartrose de joelho e quadril. O desfecho primário avaliado foi dor, enquanto os secundários foram déficit funcional e segurança (englobando perda de continuidade de tratamento e efeitos adversos leves ou graves).
Esses estudos envolveram 102.829 pacientes que foram submetidos a 90 diferentes esquemas terapêuticos de intervenção (68 com AINEs, 19 com opioides e 3 com paracetamol). A administração de Celecoxibe 200 mg/dia foi a intervenção mais investigada (44 estudos) e a média de idade dos participantes ficou entre 48 e 72 anos.
Cinco diferentes tratamentos orais (Diclofenaco 150 mg/dia, Etoricoxibe 60 e 90 mg/dia e Rofecoxibe 25 e 50 mg/dia) tiveram uma probabilidade maior que 99% de efeito de redução da dor. O uso tópico de Diclofenaco (70-81 e 140-160 mg/dia) teve probabilidade de maior que 92,3% de efeito de redução da dor nas artroses de joelho. Contrariamente, o uso de opioides teve probabilidade de menos de 53% de efeito de redução da dor.
A perda de continuidade de tratamento com AINEs orais, tópicos e opioides foi de 18,5%, 0% e 83,3% respectivamente. Quanto aos efeitos adversos, AINEs orais, tópicos e opioides tiveram taxa de 29,8%, 0% e 89,5% respectivamente. Já analisando o déficit funcional, não houve melhora apenas com o uso de paracetamol em doses menores que 2.000 mg/dia.
Conclusões
É importante pontuar que a grande maioria dos estudos levantados tiveram duração de tratamento inferior a 3 meses. O uso do diclofenaco tópico é uma opção interessante para tratamento das osteoartroses de joelho, com boa eficácia e efeitos colaterais minimizados pela baixa absorção sistêmica.
Quanto às opções orais, o Etoricoxibe 60 mg aparece com a melhor eficácia, sendo importante questionar história de doença cardiovascular do paciente. O Diclofenaco 150 mg/dia é uma alternativa mais barata no nosso meio, com eficácia semelhante, porém com maior probabilidade de efeitos colaterais relacionados principalmente ao sistema gastrointestinal.
O uso de opioides acaba por não ser vantajoso avaliando-se risco-benefício do medicamento. O Tramadol, por apresentar menos efeitos colaterais que outros como a Oxicodona, é o opioide recomendado quando o uso for necessário por um curto período de tempo. Fonte: https://pebmed.com.br/qual-a-eficacia-e-seguranca-dos-anti-inflamatorios-nao-esteroidais-e-opioides-no-tratamento-da-osteoartrose-de-joelho-e-quadril/
Autor(a): Giovanni Vilardo Cerqueira Guedes
Médico pela UERJ ⦁ Ortopedia e Cirurgia da Mão pelo INTO ⦁ Mestrando em Ciências Aplicadas ao Sistema Musculoesquelético (INTO)
Referências bibliográficas:
· da Costa BR, Pereira TV, Saadat P, Rudnicki M, Iskander SM, Bodmer NS, et al. Effectiveness and safety of non-steroidal anti-inflammatory drugs and opioid treatment for knee and hip osteoarthritis: network meta-analysis. BMJ. 2021;375:n2321. doi:10.1136/bmj.n2321