O termo síndrome da menopausa geniturinária foi introduzido em 2014 pela Sociedade Norte-Americana da Menopausa. Este termo se refere ao conjunto de sintomas atróficos que os pacientes podem apresentar nas áreas vulvovaginal e bexiga-uretral devido à perda de estrogênio que ocorre com a menopausa.
O tratamento de primeira linha para esta condição são os hidratantes vaginais, porém sabe-se que na maioria das vezes não são suficientes para aliviar os sintomas. O tratamento de melhor prognóstico, até o momento, preconizado pelos principais Colégios nacionais e internacionais de Ginecologia são os derivados de estrogênio tópicos.
Porém, o que observamos na prática clínica diária é que as mulheres com mais tempo da menopausa têm uma resposta pior à terapêutica tópica do que pacientes mais jovens.
Um novo ensaio clínico randomizado
Nesse contexto, a North American Menopause Society publicou nesses últimos meses um estudo que comparou o tratamento com estrogênio tópico em mulheres com mais ou menos de 60 anos, e observou se a idade precoce de início do tratamento influenciava na melhor resposta.
O trabalho foi uma análise post hoc que utilizou os dados de um ensaio duplo-cego randomizado e controlado por placebo, que tratou 205 mulheres na pós-menopausa com idade maior ou igual a 45 anos com 10 micrograma de estrogênio vaginal por 52 semanas.
As mulheres com idade menor ou maior que 60 anos no início do tratamento foram avaliados nos quesitos: índice de maturação vaginal (avaliado por amostras de citologia vaginal), pH vaginal e sintoma clínicos.
Resultados
O estrogênio vaginal melhorou tanto o índice de maturação vaginal (para todas as camadas celulares), como o pH vaginal e também os escores de sintomas em ambos os grupos de idade.
No entanto, os perfis citológicos foram significativamente diferentes no grupo < 60 (n = 143) versus ≥ 60 anos (n = 55, efeito estimado: -3,7; P = 0,0003 [células parabasais]; 5,8, P = 0,0002 [células intermediárias]), indicando uma pior resposta celular ao tratamento entre mulheres mais velhas.
Em relação ao pH, foi observada a mesma tendência: o tratamento no pH vaginal teve impacto menor para mulheres mais velhas.
Conclusões
O estudo, então, conclui que de fato, iniciar o tratamento precoce possibilita um resultado mais expressivo. Mas reitera que pode sim ser iniciado em qualquer idade, uma vez que o estrogênio vaginal em baixa dose melhorou os sintomas e sinais de atrofia vaginal em mulheres mais jovens (< 60 anos) e também mais velhas (≥ 60 anos).
Esses resultados servem como um alerta aos ginecologistas que devem questionar ativamente as pacientes quanto aos sintomas geniturinários, já que muitas vezes o tópico é subestimado durante as consultas, e a condição agravada conforme os anos se passam.
O estudo ratifica que o tratamento contínuo é extremante importante para evitar a recorrência da atrofia vaginal. Fonte: https://pebmed.com.br/atrofia-vaginal-a-idade-de-inicio-de-tratamento-tem-relacao-com-a-melhor-resposta/
Autor(a): Juliana Olivieri
Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ⦁ Ginecologista e Obstetra ⦁ Pós-graduanda em Endocrinologia Feminina e Climatério pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira(IFF/Fiocruz)
Referências bibliográficas:
· Derzko CM, Röhrich S, Panay N. Does age at the start of treatment for vaginal atrophy predict response to vaginal estrogen therapy? Post hoc analysis of data from a randomized clinical trial involving 205 women treated with 10 μg estradiol vaginal tablets. Menopause. 2020 Oct 5;28(2):113-118. doi: 1097/GME.0000000000001666.